Karl Marx em um de seus manuscritos
econômicos (esboços da crítica da economia política) tratou da questão do
consumo.
Na introdução do livro Grundrisse, a
análise histórica do desenvolvimento dos estágios sociais é feita por Marx com
base em quatro perspectivas interrelacionadas: produção, distribuição, troca e
consumo.
Se o consumo reproduz a necessidade,
subentende-se que esta última deve ser conhecida antes da produção, de modo a
ofertar/produzir produtos que saciem uma necessidade por meio de seu consumo.
Estabelece-se o ciclo: necessidade -> produção -> consumo (nesta ordem).
Os pressupostos difundidos pela
descoberta do marketing na segunda metade do século XX, que guiam a atuação das
empresas contemporâneas, ressaltam a importância de entender as necessidades do
cliente e atendê-las de forma efetiva (eficiente e eficaz). No entanto, já em
meados do século XIX, Marx enaltecera a relação vital entre necessidade e
consumo como insumo para a produção.
O que faz com que Marx não tenha atentado
para a criação de uma ciência mercadológica, diz respeito ao seu objeto de
estudo: a produção material e a relação dos indivíduos sob esta perspectiva.
Contudo, podemos afirmar que ele foi um
pioneiro a destacar a importância do consumo pela ótica das necessidades e
desejos dos consumidores. Em O Capital, destacado por muitos como sua
obra-prima, Marx (2011b, p. 57) destaca esta relação entre necessidade, desejo
e consumo:
“A mercadoria é, antes de mais nada, um
objeto externo, uma coisa que, por suas propriedades, satisfaz necessidades
humanas, seja qual for a natureza, a origem delas, provenham do estômago ou da
fantasia”.
Ao utilizar os termos “estômago” e
“fantasia”, Marx está se referindo a necessidades e desejos, respectivamente.
No entanto, tal problemática não se desenvolve em sua obra por não ser este o
seu objeto de estudo.
Dessa maneira é possível encontrar
válidas contribuições para a construção de uma dinâmica social do consumo
também pela ótica marxista.
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